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terça-feira, julho 15, 2003

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Aqui estão uns versos da minha lavra.
Esta composição foi uma revelação para mim mesmo. Não me sabia capaz de algo assim. Não que ache que é um trabalho de grande qualidade estilística, ou de assinalável conteúdo, mas a torrente de palavras que me foi saíndo impressionou-me. Penso que talvez tenha encontrado um bom meio expressivo em que consigo conjugar as diversas facetas da minha existência.

abraços
-s-






segunda-feira, julho 14, 2003

Apocalipse

Eram sete
Esquilos sem cabeça
Iam aos pulos
E rolavam pelos cantos
Do tambor
Fecharam-se no tempo
E quiseram sair
Mas um ouriço
Que passava e viu
Fez rolar o tambor
Que foi bater
No altar
Aí veio o Espírito
E viu-se a Glória
Envergando um negligé
Branco pardo
Beije sujo
Do sangue inocente
Derramado sem fim
Que lavou as pedras da calçada
Onde vai agora o tambor
A rolar
Com os esquilos dentro
A conspirar
Contra a Santa Madre
Igreja dos Santos
Dos últimos dias
Dos saldos
Nas galerias dos infernos
Onde já vai entrando
O marquês e seu séquito
E mais o tambor
Com os esquilos a bordo
E a estibordo
Vão de proa à popa
Vomitam
Estão verdes
Amarelos Roxos
Violetas Azuis
Ocres Podres
Putrefactos
Imundos
São restos de seres
Já não dançam
E quem os vê passar
No tambor
Vai passando palavra
Não vá o Rei tropeçar
Que seria pecado
Fazerem os esquilos
Tropeçar o Rei
Que não os veria
A rolarem
A tamborarem
No seu ritmo
No timbre certo
De um tambor aberto
Como o ventre
Da Terra-Mãe-Pátria
Que vê os seus filhos
Partirem para a guerra
Do tio Sam
Contra Saddam
Temperada com coentros
Na eterna salada russa
Do interesse
E do desinteresse
Por tudo
Por isto
Por aquilo
Pelos esquilos
A rolarem no tambor
Que já vai no quiosque
E olham por baixo da saia
Da velha que leva o andarilho
E que se vai ver
Num sarilho
Que é sair
De onde não entrou
Porque não viu
O que comprou
Nem os esquilos
Que vão no tambor
Depois na culatra
Depois no peito
Depois no umbigo
Depois é quente
Queima e fere
É uma fera
Mas só puxar
O gato o gatilho
Que parou o tambor
Mas que de novo o empurrou
E lá vai
Desce nova colina
A sétima de Lisboa
Em direcção à baixa
Pombalina
Onde vende bíblias
Um louco
Que sabe a verdade
Toda
Que tem a Bíblia
Que não é Deus
Se não a fizermos
E nos encurvarmos
Como nos ordenou Deus
Que não fizéssemos
E não fizeram os esquilos
Que são bons discípulos
Mas não vão à igreja
Porque rolam no tambor
Têm a sua dor
Para de lá sair
Bem tentam em vão
Mas nem gato
Nem gatilho
Só pólvora
E um rastilho
Que explode
Se arder a chama
Que vibra nos olhos
Da menina
Do algodão doce
Que viu os esquilos
E correu atrás do tambor
Mas esse
Já vai atrás do cavalo
Que vai virar à direita
Na esquina do Elefante Branco
De pois à esquerda
Para o comunismo
Um monstro
Tem sete pontas
Deu o seu poder
Ao Anti-Cristo-Rei
De Setúbal
Onde desagua
O rio 25 de Abril
De Mil Novecentos
E Setenta e Quatro
Da Graça de Nosso Senhor
Amem
Aleluia terra e céus
Viva o Rei
Que vai nu
Como a verdade
Nua e crua
Da televisão
Em directo
Do Hospital
Onde chegou o tambor
Com os esquilos dentro
Questão atípica
Bizarro mistério
Que ainda escapou
Porque o vento soprou
E o tambor empurrou
O vento do Espírito
Que sopra nos corações
Dos carismáticos
Apresentadores do canal
Xis Ípsilon Zê
Coordenadas do ponto Pê
Onde foi ter o tambor
Que rufou
Porque viu a revista
Onde aparecia a moa
Mais vanguardista
Do século XXX
Onde já não há homens
E mulheres poucas
E infelizes
Que ainda não veio
O Noivo
Prometido segunda vez
Mas só para as virgens
E só as prudentes
Que as loucas lá vão
Atrás do tambor
Querem brincar
Com os esquilos
Agora brancos
Às bolinhas verdes
Com sono
A sonhar com
A máquina de escrever
No Livro da Vida
Que vai soletrando
Os seus nomes
Erre Á
Ponto e vírgula
Que lá vais de novo o tambor
Rua abaixo
É Fevereiro
É Carnaval
Balança o pêndulo
Da torre do relógio
Que marca a hora
A que a Cinderela
Vai fugir
De assalto para França
Com um tambor
Debaixo do braço
Que há de cair
E rolar até casa
De um certo
Simão curtidor
De grandes noites
Com luzes psicadélicas
E música estroboscópica
Que é poesia
De espíritos agitados
Com o amor
Ágape sem segundas intenções
Que de segundas intenções
Está o Inferno cheio
Quase tão cheio
Como aquela mulher
Sete meses já lá vão
Sete esquilos já lá vão
A rolar no tambor
Fechados no tempo
Fechados em si mesmos
Gente dos subúrbios
Poetas suburbanos
Pseudo-intelectualóides
A armar ao alternativo
Com cancro do pulmão
De fumar o cigarro dos outros
De comer a porcaria dos outros
De se comerem uns aos outros
É castigo de Deus
Que não é só Amor
Mas também Justiça
Que está vendada
Tem uma espada
E uma balança
Velhas viciadas
No jogo dos dinheiros
Sujos como latrinas
Públicas
Onde vai parar
O tambor
Com os sete esquilos
E os sete espíritos
Das sete igrejas
E seus sete anjos
Pastores
Que deixaram as noventa e nove
Para ir buscar
Os sete esquilos perdidos
No tambor da vida
Sem sentido
Duvidosa
Como a verdade
Dos Homens canibais
Que são todos
Menos os que não são
Faça as contas
Quem tiver entendimento
Que é seiscentos e sessenta e seis
O número dos descendentes
Dos bons e dos maus
Que juntos fizeram a civilização
Ocidental
Oriental
O Eixo do Mal
A Aliança
E a Convenção
E a Associação
E mais o vento
Que não se vê
Mas sente-se
Ao contrário do tambor
Que só se vê
Não se sente
A dor dos esquilos
Por não haver
Rato nem rastilho
Para parar a roda-viva
Do tambor

Silas, 14/07/03, 02:00






domingo, julho 06, 2003

mais informações sobre os «the pimps» no fórum Dj


abraços
-s-






quarta-feira, julho 02, 2003

Este ano, no acampamento de jovens, vamoster a presença da banda-revelação do underground evangélico: «The Pimps»!

Uma banda com um historial curto mas com um futuro promissor. Não se assumem como uma banda evangélica, embora sejam todos crentes. Isto porque as suas canções exprimem os seus sentimentos e a sua visão do mundo, o que pode não resultar em mensagens de teor evangelístico.

Com uma formação de quinteto, os «The Pimps» propoem um compromisso entre o rock revivalista dos anos 60/70 e as tendências experimentais do grunge. As suas principais influências passam por Velvet Underground, Neil Young, Pink Floyd, Sonic Youth, Jorge Palma, Sérgio Godinho, Radiohead, e outras bandas menos conhecidas do grande público. É um projecto totalmente inovador em Portugal. O rock experimental cantado em português que nos faltava!

Música de grande qualidade e exigência, executada por 5 excelentes músicos:
Benjamim - teclas, Filipe - guitarra, Joana - baixo/guitarra, Xana - percussões/guitarra/sax, Rudy - bateria

Mais informações serão dadas posteriormente.
-s-






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